Plataformas digitais conectam agricultores e consumidores em “feiras online” de alimentos

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Plataformas virtuais que conectam produtores rurais e consumidores são trunfos do agronegócio para garantir o escoamento da produção em meio à pandemia de coronavírus, especialmente de alimentos perecíveis.

Uma delas foi lançada nesta quarta-feira (15/4) pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA). A ideia é aproximar pequenos agricultores, cooperativas, supermercados e empresas de logística. O sistema, chamado de Comércio Eletrônico, começa a operar na próxima semana, mas os interessados em participar já podem fazer o cadastro no link http://mercado.cnabrasil.org.br/.

“Em um primeiro momento, vamos priorizar cadeias de produtos perecíveis, como frutas, verduras, legumes, alguns derivados lácteos e produtos embutidos. O objetivo é unir as pontas para que os negócios possam voltar a acontecer”, explica o coordenador de Inovação do Sistema CNA/Senar, Matheus Ferreira.

Para operar em grande escala, a plataforma conta com apoio da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério da Agricultura (Mapa), da Companhia Nacional de Abastecimento e dos Ceasas de todo o país.

Segundo Fernando Schwanke, secretário de Agricultura Familiar do ministério, há uma preocupação especial com os pequenos agricultores porque, em sua maioria, eles vendem alimentos perecíveis. “É uma cadeia de curta distância, que muitas vezes atende ao público local e foi fortemente impactada pelo fechamento do comércio”, diz.

Feira livre virtual

O secretário do Ministério da Agricultura explica que, depois da etapa de cadastro dos produtores e comerciantes interessados, a plataforma da CNA também deve oferecer a venda direta aos consumidores.

“A ideia é que a gente evolua isso também para a pessoa física, possibilitando o consumidor adquirir uma cesta de verduras diretamente do agricultor. É como uma feira de agricultura livre, só que virtual”, diz Schwanke.

Neste sentido, a CNA tem conversado com aplicativos como IFood, Uber Eats e Rappi, para aumentar o leque de alimentos não processados vendidos nessas plataformas. “Queremos disponibilizar uma maior oferta para que eles possam vender ao consumidor final”, afirma Mateus Ferreira, da CNA.

Exemplo no RJ

Algo similar já acontece no Rio de Janeiro. No Estado, os produtores contam com uma a plataforma virtual para a venda dos alimentos. A Jaeé oferece a comercialização online de cestas de frutas, verduras e legumes, com entrega direta ao consumidor.

É possível, ainda, fazer combinações de cardápios diferentes a cada semana, com sugestões de uma nutricionista. A tecnologia é mais uma ferramenta que ajuda a escoar a produção do campo e incentiva a agricultura familiar.

Com o apoio da Secretaria de Agricultura do Estado, o movimento já agrega cerca de 5 mil agricultores familiares – o RJ tem cerca de 220 mil produtores rurais, que produzem cerca de 70% do que é consumido localmente. No início, as entregas começaram com 50 cestas semanais. Atualmente, já são cerca 350 cestas por semana.

Do virtual para o real

Margarete Carvalho Teixeira, gerente da União das Associações e Cooperativas dos Pequenos Produtores Rurais do Rio de Janeiro (Unacoop), explica que o processo foi ajustado com um acordo entre produtores e consumidores via grupos de WhatsApp.

“Hoje, todo o trabalho está sendo feito pela associação dos produtores na região serrana, em Nova Friburgo, e a Unacoop, que opera na Ceasa. Isso acontece apenas com o apoio do recebimento das cestas prontas, embaladas em caixa de papelão, como os clientes pedem”, diz.

“Armazenamos na nossa câmara frigorífica até as 7h da manhã, quando a equipe da plataforma vem para retirá-las”, completa Margarete. Segundo a agricultora, o apoio governamental tem sido fundamental para a consolidação de um serviço que pode se tornar um dos maiores legados da crise para o setor.

Fonte: Revista Globo Rural

 

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