SAC deixa mensagem de incentivo à segurança alimentar e nutricional para todos

O Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea-Rio), em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria de Assistência Social, realizou entre os dias 16 e 22 de outubro a 11ª edição da Semana do Alimento Carioca (SAC) com o tema “As nossas ações são nosso futuro” e atividades remotas e uma Feira Agroecológica e Orgânica presencial, na Serra da Misericórdia.

O propósito central desse encontro foi dar maior visibilidade às questões associadas à segurança alimentar e nutricional (SAN), os sistemas alimentares, a agricultura urbana, a agroecologia e sustentabilidade, a fome e a falta de acesso, quantitativo e qualitativo, aos alimentos, dentre outras. Ao mesmo tempo, o encontro propôs uma reflexão coletiva na perspectiva de encontrar saídas para que possamos erradicar ou amenizar os graves problemas de segurança alimentar e nutricional, garantindo o direito humano à alimentação adequada (DHAA) a toda população carioca.

Durante a semana foram discutidos temas sobre políticas públicas para SAN, Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN), agricultura, abastecimento, desperdício de alimentos, feiras orgânicas e agroecológicas, Programa de Aquisição de Alimentos, Programa Nacional de Alimentação Escolar, Frente Parlamentar da Segurança Alimentar e da Agricultura Urbana, Equipamentos públicos de SAN, dentre outros.

A presidente do Consea-Rio, Izabel Joia, enfatizou a importância da realização da SAC, diante de um cenário de aumento da fome e das desigualdades sociais devido à descontinuidade de muitas políticas públicas essenciais para a garantia do DHAA, agravado pela crise sanitária, torna-se a cada dia mais desafiador e complexo. “A redução de investimentos em políticas de SAN e as constantes violações dos direitos humanos exigem de nós ampliação das lutas para impedir ainda mais perdas de direitos conquistados a partir da Constituição Cidadã e organização para avançarmos nas pautas dos movimentos sociais, que tem interface com a SAN”.

“Desta forma, o Consea-Rio só tem a agradecer a todos que participaram, direta ou indiretamente, deste evento; seja debatendo pautas importantes nas mesas redondas, juntamente com quem estava nos assistindo pelo YouTube e colaborando com perguntas via chat, seja a quem trabalhou por semanas construindo e executando todo o planejamento da SAC, e também a todas as instituições parceiras que nos apoiaram das mais diversas formas. O evento foi um sucesso e ano que vem tem mais”, antecipou Izabel Joia, completando que as demais ações desenvolvidas pelo Conselho continuarão sendo realizadas, unindo todos que desejam lutar por justiça social e contra as desigualdades sociais impostas ao nosso povo.

A gerente geral da União das Cooperativas e Associações de Pequenos Produtores Rurais do RJ (Unacoop), Margarete Teixeira, declarou a imensa satisfação em ter feito parte da comissão organizadora da SAC, pela primeira vez, mesmo tendo participado, indiretamente, das outras edições. “Esse convite nos deixou muito empolgados, por saber o quanto as informações deste evento poderiam reverberar na sociedade sob a perspectiva de prezar por uma alimentação saudável”.
A Unacoop produziu um vídeo mostrando todas as feiras orgânicas e agroecológicas da cidade do Rio de Janeiro para enfatizar a necessidade de fortalecer o circuito carioca de feiras. Margarete também esteve presente em uma mesa redonda falando sobre a agricultura familiar e seus gargalos e ainda pontuando quais parcerias são necessárias para alavancar esta atividade, promovendo o acesso à segurança alimentar e nutricional de todos.

Ao final da SAC, a presidente Izabel Joia leu uma carta política na qual reafirmou a disposição de luta do Consea-Rio e os compromissos com a soberania alimentar, a agricultura familiar e urbana, a agroecologia e a sustentabilidade do meio ambiente, a alimentação adequada e saudável, com uma cidade que reconhece e valoriza sua agricultura, com a elaboração e implementação de uma política de SAN para a cidade, com a erradicação da fome e da insegurança alimentar, com a oferta de alimentos que atenda a toda diversidade e especificidades presentes na sociedade carioca.

As mesas redondas tiveram como convidados representantes do MAPA, MAPA/SFA-RJ, SESC, Secretaria de Assistência Social (SMAS-Rio), UFRJ, MST, CPORG, AARJ, AS-PTA, AAFA, Rede Ecológica, Coletivo Terra, Ação da Cidadania e Unacoop.

ALIMENTAÇÃO É UM DIREITO DE TODOS

A SAC é realizada, anualmente, e sempre no mês de outubro como referência ao Dia Mundial da Alimentação, celebrado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação-FAO, no dia 16 de outubro desde 1945.

Mais de 150 países celebram a data visando promover uma ação global na perspectiva da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), chamando a atenção do planeta para a questão da fome e da insegurança alimentar, que atingem mais de 811 milhões de pessoas no mundo, além de quase 2 milhões acima do peso.

Para a presidente do Consea-Rio, no Brasil, essa pauta torna-se ainda mais urgente, considerando os dados do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), como parte do projeto VigiSAN, que mostraram-se ainda mais alarmantes, pois revelaram que em dezembro de 2020 116,8 milhões de brasileiros padeciam com algum grau de insegurança alimentar e 19,1 milhões estavam com fome (insegurança alimentar grave).

Além disso, ainda de acordo com Izabel Joia, a fome vem acompanhada de muitas outras carências, como a falta de água. “A insegurança hídrica, medida pelo fornecimento irregular ou mesmo falta de água potável, atingiu em 2020 40,2% e 38,4% dos domicílios do Nordeste e Norte, respectivamente, percentuais quase três vezes superiores aos das demais regiões. A relação entre a insegurança alimentar e a insegurança hídrica é incontestável”. Segundo a pesquisa VigiSAN, a proporção de domicílios rurais com habitantes em situação de fome dobra quando não há disponibilidade adequada de água para a produção de alimentos (de 21,8% para 44,2%).

Por Larissa Machado

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