UNACOOP e EMBRAPA FIRMAM PARCERIA PARA REDUZIR DESNUTRIÇÃO INFANTIL

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) firmará parceria com a União das Associações e Cooperativas de Pequenos Produtores Rurais do Estado do Rio de Janeiro (UNACOOP) para fazer experimentos com batatas-doces biofortificadas que serão plantadas em áreas da agricultura familiar do Rio de Janeiro. O objetivo desta ação é difundir o projeto da Embrapa, cujo objetivo é contribuir para a reduçãoda desnutrição infantil.

O programa brasileiro de biofortificação tem o suporte do programa HarvestPlus; um consórcio de pesquisa que atua na América Latina, África e Ásia com recursos financeiros da Fundação Bill e Melinda Gates, Banco Mundial e agências internacionais de desenvolvimento. Assim como no Brasil, projetos similares estão sendo conduzidos na Colômbia, Peru, Nicarágua, Índia, Bangladesh, Paquistão, Moçambique, Uganda e República Democrática do Congo, sendo que cada país atua de acordo com as suas peculiaridades e demandas.

No Brasil, a experiência começou há sete anos com um projeto piloto em Sergipe e Maranhão. Atualmente, a ação já está em andamento também nos estados do Pará, Piauí, Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Paraná e Rio Grande do Sul. No Estado do Rio de Janeiro, as localidades de Magé, Teresópolis, Araruama, Itaguaí, e no município do Rio de Janeiro, também estão desenvolvendo esta experiência.

O projeto de biofortificação de alimentos trabalha com oito cultivares que são: batata-doce, milho, mandioca, feijão, feijão-caupi, arroz, trigo e abóbora. A Embrapa vai iniciar as atividades com a UNACOOP, primeiramente, com a batata-doce por ser uma cultivar de fácil aceitação.

Para oficializar a parceria, as duas instituições irão assinar um Termo de Compromissos, onde caberá à Embrapa fazer a doação de ramas de batata-doce das espécies BRS Amelia e Beauregard, que possuem níveis superiores de Betacaroteno (pró-vitamina A), para a UNACOOP que, por sua vez, irá direcionar estas ramas a produtores rurais da agricultura familiar, ligados a esta entidade.  Feito isso, o plantio será usado como vitrine tecnológica e como campo de experimento da Embrapa para que outros produtores também se interessem em cultivar este produto.

De acordo com a Gerente Geral da UNACOOP, Margarete Teixeira, a Embrapa manifestou interesse em trabalhar com esta entidade rural vendo a necessidade de aplicar a pesquisa realizada por eles neste tipo de cultivo. “As batatas BRS Amelia e Beauregard são fundamentais para o tratamento de algumas doenças existentes em alguns países, inclusive o nosso. O baixo consumo de nutrientes como ferro, zinco, e vitamina A, pode causar doenças como a anemia, a redução da capacidade de trabalho, problemas no sistema imunológico, retardo no desenvolvimento e até a morte. O objetivo da Embrapa e, agora também da UNACOOP, é multiplicar essa produção através da agricultura familiar, promovendo a oferta de alimentos fortificados e, consequentemente, reduzindo doenças infantis de causas nutricionais” afirmou.

Margarete disse ainda que, nesse momento, o estado do Rio de Janeiro encontra-se com dificuldades na produção desta espécie de batata-doce. “Confiamos que, com este apoio técnico da Embrapa, iniciaremos um treinamento para o planejamento da produção, o qual tende a ser ampliado com outras culturas pesquisadas, a exemplo do feijão, milho, aipim e outros. Tudo de uma maneira saudável e sustentável”.

A Gerente Geral da UNACOOP também expôs o desejo de incluir todas as suas associadas nesta experiência, porém a quantidade de mudas recebidas foi de 275 ramas que estavam armazenadas na Embrapa. “Diante disso, procuramos locais próximos e que já atuam com produção sem agrotóxicos. Inicialmente, a experiência será aplicada nos municípios de Caxias, em Lídice (Comunidade Quilombolas do Alto da Serra), Teresópolis (Associação Fazenda Alpina) e Nova Friburgo (Comunidade Janela das Andorinhas)”.

Para o Analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Leandro Gonçalves de Souza Leão, a ideia é aumentar o alcance desse projeto. “A Embrapa espera que várias famílias de produtores tenham acesso a esse material. É uma espécie diferente das batatas-doces tradicionais. E agora como estratégia do projeto, esperamos inserir as cultivares biofortificadas na gastronomia local, para que outras pessoas conheçam e tenham acesso a esse  material. Por isso, o interesse em aumentar também nossas parcerias, como será o caso da UNACOOP, que tem milhares de produtores nas mais diversas áreas do estado do Rio de Janeiro”.

 

BATATA-DOCE BEAUREGARD

A batata-doce Beauregard é uma cultivar norte-americana, desenvolvida pela Louisiana AgriculturalExperimentStation, que foi trazida para o Brasil por meio de convênio com o Centro Internacional de Ia Papa (CIP), do Peru.

A cor laranja da polpa da Beauregard indica a maior presença do pigmento betacaroteno, também conhecido como provitamina A. Em variedades de polpa branca, a concentração de betacaroteno é inferior a 10 miligramas, por quilo de raiz. No caso da Beauregard, o teor pode chegar a 115 miligramas por quilo de raiz. Por isso, ela é considerada uma batata-doce biofortificada.

Estima-se que o consumo de 25 a 50 gramas dessa batata-doce supre nossas necessidades diárias de provitamina A que, no organismo humano, vai originar a vitamina A, uma substância muito importante para a saúde, já que previne distúrbios oculares e doenças da pele, auxilia no crescimento e no desenvolvimento e fortalece a defesa do corpo contra infecções. Também age como antioxidante, combatendo os radicais livres que aceleram o envelhecimento e ocasionam diversas doenças.

Por Larissa Machado

FOTO MT EMBRAPA

Confira mais noticias sobre a UNACOOP